quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A semana de estágio de observação no CAIC foi ótima... Tivemos oportunidade de conhecer melhor as crianças, o trabalho dos professores, da direção e de outros profissionais. Foi um período produtivo e necessário para o desenvolvimento dessa nova etapa de estágio que se aproxima.

sábado, 12 de setembro de 2009

sábado, 5 de setembro de 2009

"A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria."

Paulo Freire

Reflexões de Uma Trajetória

Recordar momentos da minha infância e da minha escola está sendo especial para mim, pois é muito bom resgatar lembranças que estavam adormecidas em minha vida. Tive uma infância bacana adorava brincar de boneca, de bola, pular corda, passear, enfim, era uma criança muito ativa. Fui criada em uma pequena cidade chamada Ubaíra-Ba, lá morei com meus pais, junto com meus dois irmãos, detalhe, tenho um irmão gêmeo e nós somos muito unidos. Dizem que irmãos gêmeos têm uma ligação muito forte e eu acredito nisso.
Lembro-me que dava um pouco de trabalho a minha mãe na hora de comer, pois não gostava de me alimentar direito e todos os dias na hora do almoço, eu deixava o prato na mesa e pulava a janela sem que ninguém me visse para ir brincar em um jardim próximo da minha casa. Era o momento mais esperado do dia, sabia que ia ser chamada a atenção, mas não me importava queria mesmo era me divertir.
Depois de alguns minutos a minha mãe ia me buscar muito irritada, brigava comigo, mas não adiantava nada , no outro dia eu estava lá no mesmo horário pronta para brincar. Mas a minha brincadeira preferida era de ser professora. Mesmo antes de ir para a escola sempre estive rodeada de livros, histórias, papéis, tintas etc. Reunia um grupo de meninas e usava a mesa e as cadeiras de casa para formar a classe e sempre brigava para ser a professora.
Entrei para a escola aos 4 anos de idade e fui alfabetizada eu uma instituição chamada Escolinha Particular Nova Esperança de uma forma um pouco rígida, a professora para conseguir a disciplina e as respostas “corretas” da turma, utilizava um recurso que nas escolas de hoje acredito que não exista mais, a palmatória. Várias vezes presenciei meus coleguinhas levarem o “bolo”,como era chamado nas mãos. Nós éramos colocados em fila e a professora ia chamando um a um para aplicar as perguntas no qual teríamos que responder de frente para ela, normalmente era a tabuada ou fazer a leitura do alfabeto. A palmatória já ficava sobre a mesa do seu lado qualquer resposta errada o “bolo”era certo.
Como gostava de estudar sempre respondia o que ela queria ouvir, então o fato é que enquanto estive nessa escola nunca fui vítima da palmatória, porém sempre estava de castigo virada para porta ,com as mãos para trás a manhã toda, porque batia no meu irmão gêmeo até fazê-lo chorar.
A professora era uma senhora muito rígida e distante dos alunos, a sua forma de ensino era fundamentada na repressão e não havia incentivo de trocas nem interações com o outro, porque não podia haver conversas, nem brincadeiras, resumindo, não havia espaço para ludicidade, e a hora do recreio consistia apenas em lanchar.
Naquela época a visão que as pessoas tinham de alfabetização inclusive muitos pais e professores é de que não importava as condições de aprendizagem, não importava como ela acontecia, mas a criança tinha que sair da alfabetização lendo e escrevendo de qualquer jeito, sem afetividade alguma e sob severas punições. Acredito que de lá pra cá muita coisa já mudou, o ensino está mudando, talvez em passos tímidos, pois ainda falta muito, mas já se percebe melhorias. Hoje com acesso aos cursos de formação, as licenciaturas, pós-graduações e as novas tecnologias, muitos profissionais estão tendo a oportunidade de estarem se qualificando cada vez mais e analisando sobre a concepção de educação buscando resignificar sua prática.
Durante o nível fundamental até o médio estudei em uma escola pública ainda em Ubaíra, onde lá o processo de ensino acontecia de forma mecânica, o aluno não era motivado a pensar, nem produzir era visto apenas como um mero reprodutor. Recordo-me das cópias muitas vezes utilizadas como forma de avaliação, as provas com questões fechadas o qual não levava o aluno a raciocinar sobre os conhecimentos e analisar contextos de forma global. Os professores eram tidos como detentores do saber, levavam os conteúdos prontos anotados em cadernos, alguns com as páginas já amareladas e ditavam o texto para as reproduções.
O que mais me chama a atenção hoje, é que a matemática, por exemplo, era ensinada de uma única forma para se chegar a um determinado resultado, se alguém fizesse de uma outra maneira, mas que desse o mesmo resultado, teria que fazer novamente do jeito que foi ensinado. Era um processo completamente sem compreensão, fundamentado apenas no uso das regras e memorização, ficando longe de uma aprendizagem significativa.
Os conteúdos eram cobrados nas provas, sendo que a finalidade de tudo era a nota, termômetro único e incontestável para classificar se o aluno tinha aprendido ou não, se de fato era “bom”, ou seja a avaliação sempre teve um caráter classificatório e excludente. Os professores se mantinham distante dos alunos, alguns justificavam pela questão da hierarquia, onde deixam bem claro que ela existia e tinha que ser respeitada, os alunos poucos participavam, não haviam muitos questionamentos. E assim cheguei até o segundo grau concluindo em formação geral.
Escolher o curso de pedagogia não foi uma tarefa difícil, pois sempre tive afinidade com a área de humanas, sempre gostei muito de ler e escrever, talvez seja este um dos principais motivos da minha escolha. Nesse contexto o curso de pedagogia me fez refletir vários momentos sobre a concepção de ensino das escolas que estudei de forma crítica, tendo a oportunidade também de desconstruir conceitos prontos à cerca da educação. .
Durante essa trajetória na Universidade tive muitos docentes realmente comprometidos com a formação do aluno, professores que estão lutando por uma sociedade melhor, por uma educação melhor. Os momentos de trocas também foram ricos com professores e colegas, dividimos experiências, construímos e refletimos diversos saberes juntos. Foi um período de muita aprendizagem e crescimento, a cada texto lido, a cada descoberta, trabalhos apresentados, enfim... momentos de produções que deixaram suas marcas. A cada semestre fui revendo as minhas concepções sobre o curso me envolvi mais, participei e busquei mais aprendizagens. Ao longo desta caminhada, também enfrentamos momentos de dificuldades, repletos de angústias, medos, inseguranças desespero, choros, enfim... porém tenho certeza que cada minuto que vivenciamos nesta caminhada contribuíram para o nosso amadurecimento profissional e pessoal.
O momento do primeiro estágio foi muito especial para mim, pois representou um processo de crescimento na qual pude refletir sobre toda a minha caminhada durante o curso de pedagogia, foi o momento de aplicar o conhecimento adquirido na prática e conhecer a realidade desse trabalho. Experimentei também sensações de medo, angústia, desânimo em alguns momentos, mas também experimentei sensações de confiança, bem-estar e motivação.
Não o vejo o estágio como algo acabado, pronto, que precisa apenas de ajuste, vejo como um processo de aprendizado contínuo, reflexão constante da prática. Acredito que para alguém que nunca teve contato com a sala de aula e experiência com criança é mais difícil e desafiador do que para quem já atua na profissão, contudo foi preciso garra, força de vontade, para concluí-lo. As minhas expectativas para esse novo estágio são as melhores possíveis, sendo que quero resumir tudo em uma única palavra: Aprendizado.
Estamos chegando ao final de mais uma etapa das nossas vidas, que é a conclusão do curso e com ele muitos sonhos, planos... porém penso que a batalha começa agora e que é preciso força, garra, amor e vontade de mudança por uma educação mais inclusiva e democrática, como talvez não foi a escola da minha época. Mudança por uma escola que desperte no aluno o sentimento de cidadania, onde ele possa se perceber enquanto sujeito construtor da sua própria história, ciente da importância do seu papel como cidadão no meio o qual está inserido.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009